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Quem somos?

Esse blog tem intuito de difundir o batuque do Rio Grande do Sul. A base do blog é as pesquisar feitas por seu fundador, Rodrigo Heck. Cujo é Babalorixá da nação de Cabinda, e também cacique de Umbanda e Quimbandeiro. Os textos aqui publicados têm referencias bibliográficas de livros, internet e textos obtidos nos fóruns que o autor participa. Esse blog é aberto à discussão, e pedimos a colaboração de todos os amigos que visitarem que deixem seus comentários, sugestões e criticas, para que possamos melhor a cada dia nosso trabalho.

Jogo de búzios e cartas com hora marcada

Jogo de búzios e cartas com hora marcada

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quinta-feira, 9 de abril de 2015

No período da escravidão, vieram junto com os escravos nos porões dos navios da Nigéria e do Benin, as principais raízes dos cultos afro-brasileiros, o Candomblé da Bahia, o Xangô de Pernambuco, o Tambor de Mina do Maranhão e o Batuque do Rio Grande do Sul. 
Existem por aqui diversas casas de Batuque que seguem os preceitos de determinada Nação (Oyó, Jeje, Ijexá, Cabinda, Nagô...), porém os Orixás cultuados são os mesmos em quase todos os terreiros, os assentamentos têm rituais e rezas muito parecidos, sendo que basicamente as diferenças entre as Nações são o respeito às tradições próprias de cada raiz ancestral e a sua formação religiosa e cultural passada por seus antecedentes, visto que seu culto é vivido e transmitido oralmente na vivencia de seus integrantes. 

Cada pessoa possui três Orixás protetores, da cabeça, do corpo e dos pés, sendo que todos possuem o orixá Bará nos pés, mudando apenas sua qualidade. No ato de fazer a cabeça, a pessoa dedica todo sua vida ao cuidado ao Orixá em troca de proteção do mesmo. Para sabermos quais serão os Orixás que regerão determinada pessoa, é necessário que seja feito um jogo de búzios. 

Os Orixás cultuados no Batuque em sua maioria são doze: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Ossanhe, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. O culto aos Ibejis varia de acordo com a Nação, sendo que em algumas são associados e considerados como qualidades de Xangô e Oxum. Normalmente o Batuque começa a meia-noite e estende-se até as seis ou sete horas da manhã, isto também é uma influência dos escravos, já que os negros na época da escravatura podiam fazer seus rituais somente após terminados seus trabalhos para os seus senhores, ou esperar com que eles fossem dormir. Não é costume o uso de paramentas no Batuque, geralmente as mulheres usam saia e bata e os homens um tipo de bombacha bem larga e uma kafta, além das guias. 

As obrigações no Batuque são constituídas por fases divididas: o serão, a festa de batuque e a levantação. Na primeira semana realiza-se o amaci, o bori e a festa de batuque. Na segunda semana é feito o serão de quatro-pés e por fim realiza-se a festa de Batuque com a mesa de Ibeji. Neste dia, são distribuídos mercados (bandejas contendo todo tipo de culinária dos Orixás) significando a divisão da fartura e da prosperidade com os participantes da festa. Finalizando esta primeira fase ritual, é realizada a terminação com a obrigação de peixe. Na segunda- feira é feita a apresentação do iniciado à cidade, o passeio. Pela manhã bem cedo se vai ao mercado, a praia, e por fim tem o café da manhã que é tomado na casa de um irmão de religião mais velho ou na casa de outro Babalorixá. O Babalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isso é preciso preparar novos filhos de santo, passando a eles todos os segredos referentes aos rituais, tais como: o uso das folhas, execução de trabalhos e oferendas, interpretação do jogo de búzios e até mesmo como iniciar e preparar um futuro sacerdote. 

O tempo de aprendizado é longo, já que os ensinamentos são feitos oralmente, sendo que a melhor maneira de aprender é tendo dedicação e conviver o máximo de tempo dentro do terreiro. Nossa tradição guarda o axé (força) de cada Orixá em um Okutá (pedra) que é colocada em uma vasilha junto a outras “ferramentas”, que ficam sob a guarda do Babalorixá ou Yalorixá; mas a força maior está solta na natureza, apenas parte dela, simbolicamente fica no Okutá. Nas cerimônias para convocar os Orixás, tradicionalmente, é feito através de cantos acompanhados com o toque dos tambores, com ritmos identificados para cada divindade. As cerimônias são diversas, são ofertados presentes, comidas diferentes para cada um e sacrifícios que envolvem animais de quatro pés e aves; tirando a parte dos Orixás toda carne é consumida pelos participantes e membros da comunidade. Aos orixás rogam-se proteção, saúde, paz, em fim, pedidos específicos às necessidades de cada um em particular. Um caminho que nos faz ter contato com os Orixás é através ocupação; este é o processo pelo qual a divindade se manifesta em seu filho(a) que passou pelos mais diversos rituais de iniciação. Contudo há casos de ocupação de não iniciados. É possível uma pessoa estar assistindo um ritual pela primeira vez e se identificar com as forças espirituais energéticas referentes ao seu Orixá, e ter esta manifestação espontânea. Na maior parte, a manifestação dos Orixás acontece em dias de festas. No batuque, nestas ocasiões, podemos falar; pedir auxílio, consultar, abraçar e ser abraçado por eles; em fim pode-se ter um contato direto com os mesmos. Uma das características do Batuque é o fato de o iniciado não poder saber, em hipótese alguma, que foi possuído pelo seu Orixá, sob pena de ficar louco. Na realidade o questionamento não está no problema da loucura como consequência, e sim no fato de que ao saber que se ocupa, a pessoa pode ceder a vaidade extrema e desta forma banalizar um princípio básico dos Orixás, que está na humildade e desapego material. O Orixá novo não possui o direito de falar, só terá o mesmo quando por decisão do Babalorixá, a passar por um ritual fechado, que lhe dará o direito da fala. Quando o Orixá deseja subir (ir embora), é feito um ritual rápido para que ele seja despachado, devendo o Orixá ficar em "axêre", que é o intermédio entre o Orixá e o estado de consciência humana. Neste momento a pessoa age sob manifestação do Orixá, porém como criança, falando e agindo com infantilidade (neste momento todos os Orixás possuem o direito de falar), comendo doces, tomando refrigerantes e fazendo brincadeiras. Passado o período necessário, o axêre deita no ombro de algum filho próximo e entra em um sono profundo para logo depois acordar como em um susto. 



Amaci ou Mieró

É a primeira obrigação da iniciação. Depois de jogada e confirmada nos búzios a cabeça e as passagens do filho, é feito o amaci, que é um ritual realizado com ervas específicas de cada Orixá, maceradas na água onde o Babalorixá lava a cabeça do filho que fará a obrigação, enquanto tira-se o Erí, ou seja, a reza do Babalorixá. 



Aribibó

O Aribibó é a obrigação realizada com um casal de pombos pertencentes ao Orixá. Nesta obrigação não é feito nenhum tipo de assentamento, visto que se trata de um reforço ou até mesmo um axé de saúde.



Bori de aves

O Bori de aves é a obrigação em que o filho-de-santo reafirma sua convicção dentro da religião. É feito como uma preparação para o aprontamento, ou como um "reforço de cabeça", que tem como objetivo melhorar as condições gerais do filho-de-santo. Na obrigação do bori são sacrificados galos ou galinhas da cor pertencente ao Orixá de cabeça e para o Orixá que rege o corpo da pessoa. São consagrados alguns objetos que juntos também se chamam bori: uma manteigueira de vidro ou porcelana, uma moeda antiga, alguns búzios (de acordo com o número de axé do Orixá) e uma quartinha (espécie de vaso de barro com tampa). Estes objetos são colocados dentro de uma vasilha, juntamente com as guias e recebem o sangue (axorô) dos animais sacrificados, vasilha esta que fica no colo do filho que está sendo borido, enquanto este fica sentado no chão.O Babalorixá faz as marcações no corpo do filho da mesma forma que foi feita no aribibó, com a diferença de serem sacrificados além de pombos, galos ou galinhas, de acordo com o Orixá dono da cabeça do filho-de-santo. Na continuação da obrigação de bori conservam-se as mesmas etapas do aribibó, porém no bori há uma testemunha a quem chamamos de padrinho ou madrinha de cabeça, devendo-se total respeito ao padrinho, que deverá ser alguém com feitura, filho-de-santo pronto, pois é o padrinho ou madrinha que deverá ser procurado caso o afilhado necessite de orientação e o Babalorixá estiver impossibilitado de auxiliar o filho-de-santo. A reclusão do filho de santo que está sendo borido varia de 03 a 04 dias em média. Durante este período o borido reduz ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do tempo deitado ao chão. Após o batuque e o término do período de reclusão levanta-se a obrigação e monta-se o bori: Faz-se uma cama de algodão dentro da manteigueira e põe-se a moeda ao centro rodeada pelos búzios. Cobre-se com bastante mel. O Bori é considerado a "cérebro" do indivíduo, portanto exige certos cuidados, não deve ser mexido, a quartinha deve estar sempre com água e deve ser reforçado de tempos em tempos com nova obrigação. Nesta obrigação o filho estreita sua relação com o Orixá, sendo para alguns, a principal obrigação do Batuque onde o filho-de-santo estreita sua relação com o Orixá, tornando-se assim um filho da Religião.



Bori de Meio Quatro Pés

É considerado como preparação para o aprontamento, isto é, antecede o Bori de Quatro-pés. Esta obrigação é feita para filhos que já tenham feito bori de aves e também pode ser feito como reforço, para os que já são filhos prontos. É sacrificado um casal de galinhas d'angola se o filho-de-santo pertence a um Orixá de frente, casal de marrecos se o filho-de-santo pertencer á Oxum ou Oxalá ou então, um casal de patos se for filho de Iemanjá. A feitura de um Bori de Meio Quatro-Pés, vai depender da necessidade e/ou da exigência de seu Orixá.



Bori de Quatro Pés

Considerado como apronte de cabeça, principalmente quando junto ao Bori ocorre o assentamento do Orixá de cabeça do filho-de-santo. Ocasião onde se consagra não somente o Bori, mas também os objetos místicos: as ferramentas e o ocutá onde será fixado o Orixá e a guia delegum, guia com vários fios de contas que variam em número e cor de acordo com o axé do Orixá. É sacrificado um animal de quatro patas de acordo com o Orixá do indivíduo. A partir desta obrigação, aumentam as responsabilidades do filho-de-santo. O período de reclusão varia de 06 até 20 dias ou mais. 



Aprontamento 

O aprontamento corresponde ao estabelecimento oficial e definitivo do vínculo entre iniciado e Orixá. Entretanto este vínculo precisa ser renovado de tempos em tempos, pois o ato de colocar axorô na cabeça implica na idéia de alimentar o Orixá e fortalecer o seu filho. O aprontamento sempre ocorre na obrigação que chamamos de matança e o principal passo do aprontamento é o corte dos animais ofertados a cada um dos Orixás a serem assentados em cima da vasilha que contém os objetos a serem consagrados.



Obrigação do Peixe

São sacrificados aos Orixás peixes vivos, pela manhã cedinho, e somente depois que as obrigações de quatro-pés forem levantadas. O peixe varia de acordo com o Orixá a receber a obrigação, e sua quantidade varia de acordo com o axé de número do mesmo. Os Orixás de frente recebem pintado como obrigação e os Orixás de praia recebem jundiá. No Quarto-de-santo são imolados ao menos um peixe para cada Orixá e a ele é destinado: a cabeça, as barbatanas, a cauda e um pouco de axorô (sangue). A carne dos peixes imolados é servida com pirão (ebó) no almoço e deve ser consumida pelos filhos que estão de obrigação e pelos que estão na casa, pois o ebó de peixe simboliza fartura e prosperidade. Uma quantidade maior de peixes é preparada frita para ser servida ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no Toque do Peixe - toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas dos Orixás.


Axés de Obé e Ifá (Facas e Búzios) 

O filho-de-santo é agraciado com os axés de Obé e Ifá, quando o Babalorixá ou Yalorixá perceber o desenvolvimento, o empenho e o merecimento do filho para com suas obrigações e o comprometimento com seus Orixás e com os fundamentos da Religião. Significa que o Babalorixá tem extrema confiança no filho que irá receber os axés, tanto em relação aos seus conhecimentos, quanto ao seu caráter e honestidade, pois é através do Ifá que se auxilia quem precisa de orientação e com a Obé realizamos os cortes para os Orixás. A entrega destes axés ocorre no Batuque de terminação, geralmente no sábado posterior ao Batuque Grande. Quando for entregue os axés, os objetos que compõe o jogo de Ifá e as facas deverão ser colocados em uma bandeja enfeitada com flores e folhas e se fará o ritual de entrega. O padrinho ou madrinha segurará uma vela acesa testemunhando a obrigação. A partir de então o filho-de-santo é considerado pronto, isto é tem sua obrigação completa com o assentamento de todos os Orixás e os axés de obé e ifá. Depende agora de seu desenvolvimento e aptidão e, com o consentimento de seu orixá-de-cabeça e de seu Babalorixá poderá ter seu próprio Ilê.



A Festa do Batuque

Após as obrigações cumpridas e encerrada a levantação, será tocada a festa, o Batuque. O Babalorixá, ajoelhado em frente ao quarto de santo, juntamente com todos seus filhos e demais convidados, toca o adjá, fazendo a chamada de todos os Orixás de Bará a Oxalá com suas saudações específicas, pedindo a cada Orixá as coisas que a eles competem. Terminada a chamada, o Babalorixá autoriza o tamboreiro a começar o toque, que correrá em ordem de Bará a Oxalá. Todos que estão na roda dançam com as características de cada Orixá ao qual está sendo tocada a reza.


Dentro da Festa existem rituais específicos que chamamos de “Axé”:



Axé da Balança ou Roda de Prontos

Se a obrigação que originou a festa teve o corte de quatro-pés, deverá ser realizada dentro das rezas para Xangô, a obrigação da balança ou cassum em homenagem a Xangô e também por conter o axé de todos os Orixás em equilíbrio. Há um intervalo na movimentação da roda e os presentes, inclusive os Orixás afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a roda da balança. Neste ritual participam só os prontos colocados lado a lado, formando uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo do tambor que vai gradualmente aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações ao mesmo tempo. Ao terminar a balança os Orixás cumprem o fundamento: vão ao Quarto-de-santo, depois até a porta da rua para cumprimentar os Orixás da rua e depois dançam ao som do Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, erís destinados unicamente pelos Orixás de frente. Há a crença de que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem permanecer de mãos dadas até que se inicie o alujá, sob pena de morte para algum filho da casa. Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a balança, cabe ao alabê mudar imediatamente o axé indo direto para a execução do Alujá de Xangô. Por causa desta crença, muitas pessoas esquivam-se de participar da balança, porém é uma obrigação muito forte e o axé que emana no salão durante a balança é algo sentido por todos os presentes. 



Alujá de Xangô e Alujá de Iansã 

Logo após a balança, os Orixás que estão no mundo dançam o Alujá do Xangô e de Iansã, respectivamente. São ritmos do tambor, característicos destes Orixás. Durante o alujá é contagiante o axé e a empolgação com que os orixás dançam, proporcionando um momento de rara beleza. 



O Aforiba ou a Dança do Atã 

O aforiba é o momento em que Ogum e Iansã demonstram a passagem em que Iansã embebeda Ogum para fugir com Xangô. O Babalorixá convida um Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba, então ele coloca no centro do salão duas garrafas contendo atã (aforiba) e as armas pertencentes a estes Orixás (espadas). Iansã toma as garrafas e oferece á Ogum que logo se embebeda, mas em seguida Ogum volta a si e vai atrás de Iansã empunhando sua espada. Os dois lutam, mas Iansã consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e voltam a dançar juntos. Tendo um Xangô no mundo poderá vir a fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã acalma os dois Orixás. 



Axé do Ecó

Terminado os Erís de Xapanã é hora da Saída do Ecó, que nada mais é do que o despacho do axé de Bará, e do ecó de Bará Lanã e do Bará Lodê (alguidar com água, farinha de mandioca e gotas de epô) e do ecó de Oxum (Vasilha de vidro com farinha de milho, água, mel e perfume e flores) que servem como imãs de energias negativas. A saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no ambiente e nas pessoas presentes. Prepara o ambiente para os erís dos Orixás mais velhos, que tem um toque mais brando. Enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os erís, só que agora puxam os erís dos Orixás da rua - Bará Lodê, Ogum Avagã e Iansã Timboá - não há movimento da roda e a assistência evita olhar para o que está acontecendo, virando para a parede. Diz a crença que quem olhar a saída do ecó atrai para si a negatividade ali contida.


Roda de Ibeji 

No Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibejis, no JÊe-Ijexá ela acontece durante os erís de Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as mulheres que pretendem a maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos e agradecimentos. Os orixás, principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que estão na roda e na assistência, as frutas e os doces que estão no Quarto-de-santo.


Axé dos Perfumes 

Sendo Oxum a deusa da beleza adora perfumes, espelhos, em seus erís há um momento especial em as Oxuns que estão no mundo recebem vidros de perfumes, leques e espelhos. Dançam felizes, empunhando seus leques e espelhos enquanto outras se banham com perfume e distribuem um axé perfumado as pessoas que estão na roda e na assistência. Este axé faz uma referência sobre a passagem em que Oxum está no rio banhando-se, num ritual de beleza e encantamento.


Axés dos Presentes 

Geralmente acontece quase no final do Batuque, os Orixás que estão aniversariando apresentam seus bolos, enquanto são saudados pelos presentes. Depois os bolos são servidos aos convidados e o excedente é distribuído juntamente com os mercados. São de costume também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são flores, perfumes, doces, utensílios que podem ser usados no dia a dia Ilê...



O Axé do Alá de Oxalá 

Pertence aos erís do Oxalá o axé do Alá. Em determinado momento, os filhos de santo com estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Alá branco. Enquanto a roda e os erís continuam, todos passam por baixo do Alá pedindo ao Orixá do branco a paz e a proteção.


Os Axêres 

Conforme o Batuque vai acontecendo, os Orixás chegam e "sobem", vão embora. Os orixás são despachados, geralmente por filhos de santo mais antigos e experientes do Ilê, porém eles ficam em "axêre" ou "axêro" , estado intermediário entre a ocupação do Orixá e da pessoa propriamente dita. Os axêres agem como crianças, tomam refrigerante e adoram fazer brincadeiras com as pessoas, pois seu linguajar é confuso e eles trocam bastante as expressões. É um momento de descontração, porém deve ser mantido o respeito, pois apesar de fazerem brincadeiras, os axêres ainda conservam a essência do Orixá. 



Mesa de Ibeji 

A obrigação da Mesa de Ibeji é feita no Batuque de Encerramento e nas ocasiões em que o Babalorixá ou Yalorixá acharem necessárias. É realizada no início da noite e antecede o Batuque de Encerramento. Dela participam crianças de zero á doze anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram engravidar. São cantados erís de Bará, de Xangô e Oxum (que representam os Ibeji) e dos Orixás velhos. A Mesa de Ibeji é riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com muito axé e beleza. Significa agradar e reverenciar aos Orixás das crianças que simbolizam pureza, paz e prosperidade. Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se frutas, amalá, flores, uma quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Após terem comido o que foi servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um gole de água. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa por pessoas adultas ou por Orixás que tenham chegado e conduzidos a formarem uma roda ao som de erís de Xangô. Encerrada a Mesa, os Orixás que chegaram recolhem os itens que ainda restam na mesa e levam até o quarto de santo. Os brinquedos são distribuídos entre as crianças que participaram.



Toque de Encerramento 

É o toque que encerra as atividades públicas do batuque grande. Tem uma proporção um pouco menor do que o primeiro toque, pois é antecedido pelo corte do peixe e do corte de confirmação, quando são imoladas somente aves aos Orixás. A cor dos axós é preferencialmente o branco e pode acontecer a Mesa de Ibedji antes do início do toque. É nesta noite que serão dados os axés de Obés e Ifá. Seguido do toque, no dia posterior há a levantação da obrigação do corte de confirmação. 


A Levantação da Obrigação
Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam arriadas, limpa-las e guarda-las nas prateleiras dentro do quarto de santo. Mantendo um costume desde o tempo dos escravos, as obrigações são guardadas e ocultas por cortinas que geralmente tem a sua frente velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados pertencentes aos Orixás.



O Passeio 

O término da obrigação para os filhos de santo que estão em reclusão é o passeio no dia posterior a Levantação. Pela manhã, o Babalorixá ou Yalorixá os leva até a porta da frente do Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás da Rua), liberando-os para saírem fora dos limites do Ilê. Vão até o centro visitar lugares de grande significado: a igreja, o mercado público (onde compram cereais, grãos, e velas ) e o rio Guaíba. Em seguida, vão visitar algum Ilê conhecido onde batem cabeça cumprimentando os Orixás do Ilê e lá depositam parte das compras feitas no mercado. De volta ao Ilê, batem cabeça no quarto de santo e arriam o restante das compras feitas. Cumprimentam o Babalorixá ou Yalorixá na nova condição de filho de santo.



As Quinzenas

As quinzenas são obrigações menores que duram normalmente dois ou três dias onde é feito a matança e o toque. É frequentado por um número não muito grande de pessoas e geralmente estão associadas a alguma data comemorativa ou a obrigação de bori de filhos de santo do Ilê. Há o toque das rezas, as comidas de santo são ofertadas aos Orixás e as tradicionais comidas servidas ao povo: canja, canjica branca e amarela, amalá. Por ser uma obrigação menor, exige um mínimo de aves a serem sacrificadas. A carne das aves é consumida nos intervalos do toque do tambor, servida enfarofada ou na canja, comidas tradicionalmente ofertadas às pessoas que comparecem ao ebó. Há ainda as "quinzenas secas", quando não há sacrifício de animais.
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