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Direitos autorais - Rodrigo Castilhos Heck. Tecnologia do Blogger.

Quem somos?

Esse blog tem intuito de difundir o batuque do Rio Grande do Sul. A base do blog é as pesquisar feitas por seu fundador, Rodrigo Heck. Cujo é Babalorixá da nação de Cabinda, e também cacique de Umbanda e Quimbandeiro. Os textos aqui publicados têm referencias bibliográficas de livros, internet e textos obtidos nos fóruns que o autor participa. Esse blog é aberto à discussão, e pedimos a colaboração de todos os amigos que visitarem que deixem seus comentários, sugestões e criticas, para que possamos melhor a cada dia nosso trabalho.

Jogo de búzios e cartas com hora marcada

Jogo de búzios e cartas com hora marcada

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domingo, 19 de abril de 2015



Nas páginas que seguem encontrarão algo mais sobre Trabalhos de Quimbanda, pois como sabem, a Quimbanda, prática este tanto censurada, e muitas das vezes criticada por pessoas, que na realidade, não sabem ao certo a sua definição correta.

O objetivo deste trabalho é registrar as rezas cantadas nos rituais Egún no Batuque do Rio Grande do Sul, disponibilizando-se para que sejam preservadas através dos tempos. 
Transcrevemos foneticamente as gravações de dois Cd. O primeiro gravado por um sacerdote e o segundo por dois tamboreiros, ambos religiosos do Batuque afro-sul.

sábado, 18 de abril de 2015

O Batuque - Uma visão antropológica com o autor do livro O batuque do Rio Grande do Sul, o antropólogo e Professor Norton Correa.








Ebó para prosperidade Ossain

Material:

1 alguidar

1 pacote de farinha de mandioca crua

1 vidro pequeno de mel de abelhas

1 pacote de fumo desfiado

7 moedas corrente ( lavadas e secas )

7 velas brancas ou 1 vela de sete dias



Modo de preparo:

Faça um padê com o mel e a farinha de mandioca crua ( para fazer o padê você deve colocar um pouco de mel sobre a farinha de mandioca e ir misturando até que fique bem soltinha, sem nenhum grumo)coloque a mistura no alguidar, pegue o fumo desfiado e forre a borda do alguidar, coloque as sete moedas no meio e acenda a vela de sete dias ao lado se fizer este ebó em casa ou acenda as sete velas em volta se fizer na mata. Faça suas orações pedindo o que quer a Ossain, saude Ossain 14 vezes.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Um dos Òrìṣà mais importantes cultuados na Nação do Batuque do RS é Èṣù. Mais conhecido no Batuque como Bará, esta divindade é a grande reguladora e renovadora das energias universais e multiplicadora da dinâmica cósmica.


Toda segunda-feira, dia da semana que lhe é consagrado, são renovadas suas oferendas. As velhas são despachadas na encruzilhada próxima ao Ilé juntamente com a água da quartinha (talvez por isso este orò também seja conhecido como "despachar o Bará", na verdade o que é despachado são as
oferendas já velhas) e são arriadas novas oferendas diante dos seus assentamentos, assim como é renovada a água da quartinha.


A quartinha é símbolo do poder gerador feminino e faz parte dos assentamentos de todos os Òrìṣà. Por isso tem o formato simbólico de um útero. A água é fonte de vida e é a representação mítico-simbólica do sangue menstrual. O sangue menstrual é o símbolo do poder de geração de vida e pertence às Ìyá-mi Òṣòròngá, as veneráveis Senhoras Ancestrais das mulheres e donas do poder da fecundidade feminina. A água da quartinha é sempre renovada anualmente, no caso dos demais Òrìṣà, mas especificamente para Èṣù as renovações se dão semanalmente devido ao grande trabalho que esta divindade tem na manutenção, construção e reconstrução do mundo e dos seres vivos.


Este rito semanal é de extrema importância para uma Casa de Òrìṣà. Ele abre os caminhos, dinamiza e multiplica o Àṣẹ.


Contudo, este orò não pode ser realizado em dias chuvosos, pois água corrente é uma restrição desse Òrìṣà. O porquê é muito simples: já tentaste correr dentro d'água? A água em abundância retarda os movimentos e Èṣù não conseguirá realizar suas funções nestas condições.


É um rito obrigatório para todos os Ọmọ̀rìṣà que possuem assentamento de Èṣù (Ìyàwó - pronto) numa comunidade tradicional de matriz africana.


Àṣẹ o!

segunda-feira, 13 de abril de 2015


Àgo ye ègbón!

Existem três temas muito freqüentes nas discussões nas comunidades sobre religiões afro-brasileiras: a balança, saber ou não que se ocupa e o Orixá Xangô Kamuká. O texto a seguir é parte de uma das discussões mais qualificadas de que já participei. Tentar falar sobre este Orixá tão introspectivo não é uma tarefa das mais fáceis para mim tendo em vista que sou da Nação Ijexá.
Digo isso porque a Nação Ijexá não cultua esse Orixá. Xangô Kamuká é um Orixá exclusivo da Nação Cabinda por isso peço antecipadas desculpas aos cabindeiros por qualquer erro que eu possa manifestar no que concerne a prática, cultura, tradição ou fundamentos dessa divindade tão enigmática.

O que sei sobre Kamuká é o que aprendi aqui e ali, com o que os cabindeiros me falavam ou com pessoas de outros lados que conheciam alguma coisa dele, além do que li em poucos livros como o do escritor e Babalorixá Paulo Tadeu Barbosa Ferreira e o do Prof. Dr. Norton Figueiredo Corrêa, além do que é postado nos tópicos das comunidades como: “Nação Cabinda”, “Batuque do RS” e “Sou Batuqueiro Sim e Daí”. E o que sei é que Kamuká só seria cultuado na cabinda e que nenhuma outra nação deveria ou poderia cultuá-lo, pois esse Orixá é o do fundador dessa nação.
O que sei também é que o assentamento desse Orixá é feito no balé, pois teria ele grande aproximação com eguns. Meu tio-avô carnal, Cláudio de Oxum Docô, falecido babalorixá de Cabinda me disse inclusive que nem devemos pronunciar esse nome (Kamuká) dentro de casa, pois poderia atrair algum tipo de mal, porém sou totalmente cético sobre isto. Dizem ainda que Kamuká reside no cemitério, mais precisamente no forno (lugar onde se cremam os ossos) e que, por conta disso, se prestaria só ao dano. Esses são alguns dos motivos pelos quais não se dá cabeça de filhos para esse Orixá (que a essa altura me pergunto se é Orixá mesmo).

Vejam bem, não estou afirmando nada, estou apenas relatando o que me contaram. 





Por outro lado tenho minhas pesquisas históricas e o que encontrei é que, segundo Norton Corrêa, quem fundou a nação Cabinda em Porto Alegre foi um africano chamado Gululu. No entanto a insistência dos descendentes de Cabinda em afirmar que o surgimento dessa nação se dá com o Esá (título que se dá a pais e mães-de-santo falecidos) Valdemar Antonio dos Santos, me leva a questionar se Gululu e Valdemar não seriam a mesma pessoa.




Cabinda é uma região da África que já foi independente, mas que hoje é uma província de Angola. Seus habitantes são originários do tronco lingüístico bantu e são os Bakongo, Bauoio, Baluango, Basundi, entre outros. Gululu é um nome notadamente bantu.Acredito que Gululu seja oriundo de Cabinda, provavelmente bakongo, pois essa etnia veio traficada para o Brasil em grande quantidade. Os Bakongo (singular Nkongo) cultuavam os Nkisi, espíritos mágicos ligados à natureza ou aos ancestrais. Na metafísica dos bantu, os Nkisi pertenciam ao seu lugar de origem e jamais eram movidos de lugar. Por isso, quando eles vieram para o Brasil, seus Nkisi ficaram na África. A sua profunda religiosidade os fez, então, serem atraídos para as religiões que conheceram aqui no Brasil. O catolicismo e as crenças indígenas os influenciaram e sincretizando-as com suas próprias crenças acabaram por dar origem à tão conhecida religiosidade popular do brasileiro.

Os sudaneses (complexo cultural Jeje-Nagô) vieram em menor número durante todo o processo escravagista sendo que em grande quantidade só a partir de século XIX. Diferentemente das crenças bantus, na metafísica dos sudaneses para onde iam suas divindades e ancestrais os acompanhavam. Por isso, ao chegarem no Brasil, trouxeram consigo sua cultura religiosa. É bem provável que uma parte dos bantus também tenham migrado para a religião desses sudaneses cultuando os Orixás.
É possível que Gululu seja um desses africanos de origem bantu que aprendeu a cultura dos Orixás aqui no Brasil com sudaneses, mas resolveu fundar uma sociedade religiosa com negros originários da mesma região, batizando sua nação, então, de Cabinda. Isso explicaria a cultura de Orixás e Voduns na nação de Cabinda que deveria cultuar Nkisi, mas não o faz. Mas isso não explica o Kamuká no culto.

Existe em Angola - bem distante de Cabinda por sinal - uma etnia bantu denominada Mbundu/Kamuka (http://www.embaixadadeangola.org/cultura/linguas/l_mbunda.html). Isso não diz muito exceto que a origem do nome Kamuká, agora comprovadamente, é bantu. E se hipoteticamente Gululu for o nome africano de Valdemar já que os escravizados eram batizados com nomes ocidentais quando chegavam no Brasil? Daí a coisa começa a se encaixar. Kamuká pode ser um Nkisi nsi, espírito ancestral ligado a um clã familiar. Esse espírito pode ser de um ente falecido que volta incorporado num descendente seu. Como se vê, a cosmogonia dos bantus é bem diferente da dos sudaneses. Entre esses últimos, espíritos de ancestrais (eguns) e divindades (Orixás) não se misturam e só os Orixás é que podem tomar “emprestado” o corpo de um humano.
Agora refletindo: se Valdemar (ou Gululu) cultuava Kamuká por que este era o Nkisi nsi de sua família, fica explicado o porquê de Kamuká não pegar mais filhos, nem de poder baixar em alguém. Por outro lado, também fica explicado do porquê desse “Orixá” ser cultuado próximo ou junto ao balé, pois na cosmogonia iorubá Kamuká seria um egun.
Espero ter contribuído para despertar o interesse nessa pesquisa. Por outro lado peço paciência para comigo aos cabindeiros que cultuam Kamuká de forma diferente da descrita nestas poucas linhas e sobretudo aos que não são da Nação Cabinda mas que também cultuam esse grandioso Orixá.


Pùpó Àṣẹ gbogbo!

Fonte: Site Ọ̀rúnmìlà

Quimbanda é um conceito religioso de origem afro-brasileira, presente na Umbanda, ainda controverso quanto a sua real definição na atualidade. Por vezes, é classificada como uma religião autônoma.
É identificado por alguns como o lado esquerdo (polo negativo) da Umbanda , ou seja, que tem todo conhecimento do mundo astral, inclusive da magia negra, e que podem ajudar a fazer o bem. Suas entidades vibram nas matas, cemitérios e encruzilhadas, também conhecidos como "Povo da Rua" e abrangem os mensageiros ou guardiões Exus e Pombagiras.

Descrição


A Quimbanda trabalha mais diretamente com os exus e pomba giras, também chamados de povos de rua, de uma forma que não é trabalhada na Umbanda pura. Estas entidades, de acordo com a cosmologia umbandista, manipulam forças negativas, o que não significa que sejam malignos. Geralmente estão presentes em lugares onde possam haver kiumbas, obsessores, também conhecidos como espíritos atrasados. Os Exus e Pombagiras trabalham basicamente para o desenvolvimento espiritual das pessoas, com o intuito de evolução espiritual, além de proteção de seu médium. Como são as entidades mais próximas à faixa vibratória dos encarnados, apresentam muitas semelhanças com os humanos.
A entrega de oferendas é comum na Quimbanda, assim como na Umbanda, mas variam de acordo com cada entidade. Podem ser oferecidas bebidas alcoólicas, tais quais, cachaça (marafo), uísque ou conhaque, entre outras, além de velas e charutos.

História


O termo "quimbanda" (da mesma forma que o termo "umbanda") tem origem na língua umbundu, e dentro do Candomblé de Angola designa, desde o período pré-colonial, umrito próprio, cujo sacerdote que o pratica é chamado de "Táta Kimbanda".
No Brasil, com a fundação da Umbanda, o termo quimbanda passou a ser usado para descrever trabalhos espirituais que, dentro da cosmologia da Umbanda, não obedeceriam seus preceitos fundamentais não sendo, no entanto, necessariamente malignos. Frequentemente é confundida com a Quiumbanda (ou Kiumbanda), que é a prática de trabalhar espiritualmente com quiumbas.

Bibliografia


  • BANDEIRA, Cavalcanti. O que é a Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Eco, 1973;
  • FONSECA, José Alves. Umbanda, religião brasileira. Rio de Janeiro, 1978;
  • FREITAS, João de. Exu na Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Espiritualista, 1970.
  • SOUZA, Ortiz Belo. Umbanda na Umbanda. São Paulo: Editora Portais de Libertação, 2012.
DICAS DE RELIGIÃO




1- Converse com o Òrìsà na boca da quartinha, você se surpreenderá com os resultados.

2- Em casos de demanda, conversar na boca do pilão.

3- Ao realizar um àse de quartinha na porta ou portão, pois faça-o com a pessoa de costas para rua e não vire a mesma; passe pelo lado esborrife as costas e empurre-a para dentro e depois despache a quartinha.. Ao contrário, você poderá despachar a pessoa de sua Casa ou agravar a situação da mesma.

4- Ao passar qualquer trabalho, nunca deixe o paciente de costas para os Òrìsàs e nem deixe, girar para se passar o serviço.

5- Nunca mostre sua Obrigação à estranhos, e principalmente à quem não for Feito.

6- Ao sacrificar, nunca faça o vai e vem (serrote) com a faca(obé). Só faça em caso de dano.

7- Em caso de falecimento de uma pessoa e que obtenha obrigação, em sua casa, cubra com um pano preto em cima dos Óbarás, isto, evitará que fuja e leve os demais Òrìsàs consigo. E despacha-los com urgência para o local de origem. Estas providências têm que ser rápidas. Oriente sempre os demais familiares.

8- Sempre que for à uma encruzilhada, acenda em primeiro lugar uma vela branca, na perna da mesma ou no centro da encruzilhada, pedindo licença ao Ogum Avagã, por ser o legítimo dono da encruzilhada.

9- Sempre tenha o hábito de solicitar agò(licença), em qualquer lugar que pisar ou passar e que seja de propriedade dos Òrìsàs. Devemos dizer: Agò mi leu (dá licença de chegar?) e depois dizer: Agò ba mi ló ( peço licença para sair).

10- Pacote- Quando for em àse coletivo, não passe em baixo dos pés, deixe para passar na ultima pessoa, caso contrário, você realiza transporte de cargas de uma pessoa à outra. Depois de passar nos pés, não devemos subir com àse em outra pessoa.

11- Ao despachar um Òrìsà, nunca diga “anáreu” e sim “oná ri rè”. A frase completa: Oná ri rè cuja a significação é vá em paz. Oná ri rè, Òrìsà, lá, assiò = que Deus lhe acompanhe.

12- O feitor, sempre deve por a sua mão no ejé da obrigação, para ter a sua mão na mesma, caso contrário, não têm a mão na obrigação; porque, ponta de faca não é mão. E como tem gente aí, sem a mão de seu Feitor. Quero alertar à todos que realizarem uma obrigação à Òrìsà, caso o Feitor, não colocar sua mão com ejé em sua cabeça, você não tem a mão de seu Feitor. Caso ocorra algo errado na obrigação, o filho terá o prejuízo, o Feitor não, porque, ponta de faca não é mão, você entendeu!

13- Não se põe treze pessoas à mesa. É agouro.

14- Sempre realize defumações, antes de qualquer ritual.Corte e festas.

15- Sempre evite de chegar tarde ou no meio do ebó(festa).

16- Em ebó (festa), quando da saída do ekò, nunca vire de costas, para o mesmo, porque, você está dando as costas ao Óbará, o que não deve é olhar, para o que está saindo. Confirme isto ! Veja se seu Feitor vira as costas ? Não seja paspalhão!

17- Em ebó, nunca passe com copo de água ou vela acesa entre aos Òrìsàs e nunca deixe o chão molhado, o desastre é grande.

18- No início do ebó; quando tocar e cantar para Òrìsàs de rua, mulher e criança não devem entrar na roda.

19- Em ebó de quatro pés ou patas, Òrìsàs não devem chegar antes do Emissò Kássum (julgamento, roda humana de quatro pés ou patas; que deram o apelido de “balança”), há não ser que, o Òrìsà chegue e diga porque chegou, caso contrário, pode ficar preso no Ilé de `Órìsàs até ser realizado o Emissò Kássum ou ser despachado. Com certeza, isso é um desrespeito ao Ilé e caracteriza um Òrìsà sem fundamento ou sem orientação de seu Feitor.

20- Realizar Emissò Kássum só em Obrigação de quatro pés, caso contrário não. Vamos deixar claro, “angolista”não é quatro pés e nem tão pouco meio quatro pés; é na verdade, uma ave, com mais poderes de força nas Obrigações, do que as aves comuns, sim.

21- Nunca deixe, o seu Alabê ou Ogã-ilu parar por várias vezes, o ebó, e de ter intervalos longos.

22- Nunca vá à várias festas (ebó) em um só dia, você passa a ser um akirijebó ( pessoa que freqüenta a todas as festas, em só um dia, para comer, não obtendo fundamento) e demonstra um desrespeito aquém lhe convidou e aos Òrìsàs do Ilé.

23- O dia pertence aos Òrìsàs, a noite aos Exus. Há 35 anos atrás, os ebós à Òrìsàs, iniciavam às l7.00 horas. Hoje, 00.30 ou 01.00 da madrugada. Afinal, a escravidão terminou há muitos anos ou é por falta de conhecimento do horário de Òrìsàs. Sempre evite de realizar festas tarde da noite. Sempre devemos mandar parar o ebó no horário de 23.45 à 00.15 horas, evitando às 24.00 horas.

24- Na roda de ebó, homem sempre atrás de homem; mulher sempre atrás de mulher, isto é o que diz o Ritual. Nunca deves deixar o homem se infiltrar entre as mulheres ou mulheres se infiltrarem no meio dos homens. Isto demonstra falta de conhecimento dos Rituais.

25- A roda, quando estiver cheia e não anda, coloque os homens por dentro da roda, para fazer uma nova roda e deixe as mulheres na roda por fora. A roda sempre anda no sentido anti-horário. Na roda, marcar passo e dar para trás, “não”! Quanto mais girar a roda, mais leve se torna o ebó.

26- Na roda do Emissò Kássum, sempre deve andar no sentido anti-horário. E antes de inicia-lo, devemos realizar uma defumação no ambiente com ervas apropriadas.

27- Defumação: Sempre devemos defumar com ervas apropriadas, antes de qualquer Ritual.

Os hábitos errados:

1- Não se come despido ou sem camisa, é uma ofensa ao seu Òrìsà.

2- Quando se come em casa de Religião ou em festas de Religião, lava-se o prato. Devolvê-lo sujo, complica e atrasa a sua vida.

3- Não se come as pontas dos animais de Obrigações; são esés( pertencem aos Òrìsàs).

4- Dinheiro sobre a mesa de refeição provoca miséria.

5- Não se apanha alimentos que cai no chão. É das almas.

6- Recebe-se o prato sempre com a mão direita; e peça benção do prato cheio e não após ter mexido.


Com relação à cozinha:

1- Não se mexem alimentos que estão cozinhando no sentido anti-horário, senão desanda ou encrua. E cobrir a cabeça com Alá.

2- Não bata com a tampa da panela quando estiver cozinhando e nem com a colher de pau, afugenta a proteção e atrai o negativo.

3- Quando a comida não quer amolecer adicione três grãos de milho à ela.

4- Não se cozinha para Òrìsàs, homens ou mulheres de corpo sujo. Corta o efeito das Obrigações.

Determinações aos Rituais:

1- Não se cortam aves ou animais de quatro pés a não ser nas juntas. Caso contrário os Òrìsàs recusam.

2- Obrigação mal feita ou mal arriada, paga-se em dobro. E a vítima é sempre quem recebe. Neste caso, o Feitor, usa a ponta de faca e não a sua mão.

3- Antes de se sacrificar qualquer animal, para Obrigações, manda-se limpa-lo com água e sabão e depois com mièró.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

No período da escravidão, vieram junto com os escravos nos porões dos navios da Nigéria e do Benin, as principais raízes dos cultos afro-brasileiros, o Candomblé da Bahia, o Xangô de Pernambuco, o Tambor de Mina do Maranhão e o Batuque do Rio Grande do Sul. 
Existem por aqui diversas casas de Batuque que seguem os preceitos de determinada Nação (Oyó, Jeje, Ijexá, Cabinda, Nagô...), porém os Orixás cultuados são os mesmos em quase todos os terreiros, os assentamentos têm rituais e rezas muito parecidos, sendo que basicamente as diferenças entre as Nações são o respeito às tradições próprias de cada raiz ancestral e a sua formação religiosa e cultural passada por seus antecedentes, visto que seu culto é vivido e transmitido oralmente na vivencia de seus integrantes. 

Cada pessoa possui três Orixás protetores, da cabeça, do corpo e dos pés, sendo que todos possuem o orixá Bará nos pés, mudando apenas sua qualidade. No ato de fazer a cabeça, a pessoa dedica todo sua vida ao cuidado ao Orixá em troca de proteção do mesmo. Para sabermos quais serão os Orixás que regerão determinada pessoa, é necessário que seja feito um jogo de búzios. 

Os Orixás cultuados no Batuque em sua maioria são doze: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Ossanhe, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. O culto aos Ibejis varia de acordo com a Nação, sendo que em algumas são associados e considerados como qualidades de Xangô e Oxum. Normalmente o Batuque começa a meia-noite e estende-se até as seis ou sete horas da manhã, isto também é uma influência dos escravos, já que os negros na época da escravatura podiam fazer seus rituais somente após terminados seus trabalhos para os seus senhores, ou esperar com que eles fossem dormir. Não é costume o uso de paramentas no Batuque, geralmente as mulheres usam saia e bata e os homens um tipo de bombacha bem larga e uma kafta, além das guias. 

As obrigações no Batuque são constituídas por fases divididas: o serão, a festa de batuque e a levantação. Na primeira semana realiza-se o amaci, o bori e a festa de batuque. Na segunda semana é feito o serão de quatro-pés e por fim realiza-se a festa de Batuque com a mesa de Ibeji. Neste dia, são distribuídos mercados (bandejas contendo todo tipo de culinária dos Orixás) significando a divisão da fartura e da prosperidade com os participantes da festa. Finalizando esta primeira fase ritual, é realizada a terminação com a obrigação de peixe. Na segunda- feira é feita a apresentação do iniciado à cidade, o passeio. Pela manhã bem cedo se vai ao mercado, a praia, e por fim tem o café da manhã que é tomado na casa de um irmão de religião mais velho ou na casa de outro Babalorixá. O Babalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isso é preciso preparar novos filhos de santo, passando a eles todos os segredos referentes aos rituais, tais como: o uso das folhas, execução de trabalhos e oferendas, interpretação do jogo de búzios e até mesmo como iniciar e preparar um futuro sacerdote. 

O tempo de aprendizado é longo, já que os ensinamentos são feitos oralmente, sendo que a melhor maneira de aprender é tendo dedicação e conviver o máximo de tempo dentro do terreiro. Nossa tradição guarda o axé (força) de cada Orixá em um Okutá (pedra) que é colocada em uma vasilha junto a outras “ferramentas”, que ficam sob a guarda do Babalorixá ou Yalorixá; mas a força maior está solta na natureza, apenas parte dela, simbolicamente fica no Okutá. Nas cerimônias para convocar os Orixás, tradicionalmente, é feito através de cantos acompanhados com o toque dos tambores, com ritmos identificados para cada divindade. As cerimônias são diversas, são ofertados presentes, comidas diferentes para cada um e sacrifícios que envolvem animais de quatro pés e aves; tirando a parte dos Orixás toda carne é consumida pelos participantes e membros da comunidade. Aos orixás rogam-se proteção, saúde, paz, em fim, pedidos específicos às necessidades de cada um em particular. Um caminho que nos faz ter contato com os Orixás é através ocupação; este é o processo pelo qual a divindade se manifesta em seu filho(a) que passou pelos mais diversos rituais de iniciação. Contudo há casos de ocupação de não iniciados. É possível uma pessoa estar assistindo um ritual pela primeira vez e se identificar com as forças espirituais energéticas referentes ao seu Orixá, e ter esta manifestação espontânea. Na maior parte, a manifestação dos Orixás acontece em dias de festas. No batuque, nestas ocasiões, podemos falar; pedir auxílio, consultar, abraçar e ser abraçado por eles; em fim pode-se ter um contato direto com os mesmos. Uma das características do Batuque é o fato de o iniciado não poder saber, em hipótese alguma, que foi possuído pelo seu Orixá, sob pena de ficar louco. Na realidade o questionamento não está no problema da loucura como consequência, e sim no fato de que ao saber que se ocupa, a pessoa pode ceder a vaidade extrema e desta forma banalizar um princípio básico dos Orixás, que está na humildade e desapego material. O Orixá novo não possui o direito de falar, só terá o mesmo quando por decisão do Babalorixá, a passar por um ritual fechado, que lhe dará o direito da fala. Quando o Orixá deseja subir (ir embora), é feito um ritual rápido para que ele seja despachado, devendo o Orixá ficar em "axêre", que é o intermédio entre o Orixá e o estado de consciência humana. Neste momento a pessoa age sob manifestação do Orixá, porém como criança, falando e agindo com infantilidade (neste momento todos os Orixás possuem o direito de falar), comendo doces, tomando refrigerantes e fazendo brincadeiras. Passado o período necessário, o axêre deita no ombro de algum filho próximo e entra em um sono profundo para logo depois acordar como em um susto. 



Amaci ou Mieró

É a primeira obrigação da iniciação. Depois de jogada e confirmada nos búzios a cabeça e as passagens do filho, é feito o amaci, que é um ritual realizado com ervas específicas de cada Orixá, maceradas na água onde o Babalorixá lava a cabeça do filho que fará a obrigação, enquanto tira-se o Erí, ou seja, a reza do Babalorixá. 



Aribibó

O Aribibó é a obrigação realizada com um casal de pombos pertencentes ao Orixá. Nesta obrigação não é feito nenhum tipo de assentamento, visto que se trata de um reforço ou até mesmo um axé de saúde.



Bori de aves

O Bori de aves é a obrigação em que o filho-de-santo reafirma sua convicção dentro da religião. É feito como uma preparação para o aprontamento, ou como um "reforço de cabeça", que tem como objetivo melhorar as condições gerais do filho-de-santo. Na obrigação do bori são sacrificados galos ou galinhas da cor pertencente ao Orixá de cabeça e para o Orixá que rege o corpo da pessoa. São consagrados alguns objetos que juntos também se chamam bori: uma manteigueira de vidro ou porcelana, uma moeda antiga, alguns búzios (de acordo com o número de axé do Orixá) e uma quartinha (espécie de vaso de barro com tampa). Estes objetos são colocados dentro de uma vasilha, juntamente com as guias e recebem o sangue (axorô) dos animais sacrificados, vasilha esta que fica no colo do filho que está sendo borido, enquanto este fica sentado no chão.O Babalorixá faz as marcações no corpo do filho da mesma forma que foi feita no aribibó, com a diferença de serem sacrificados além de pombos, galos ou galinhas, de acordo com o Orixá dono da cabeça do filho-de-santo. Na continuação da obrigação de bori conservam-se as mesmas etapas do aribibó, porém no bori há uma testemunha a quem chamamos de padrinho ou madrinha de cabeça, devendo-se total respeito ao padrinho, que deverá ser alguém com feitura, filho-de-santo pronto, pois é o padrinho ou madrinha que deverá ser procurado caso o afilhado necessite de orientação e o Babalorixá estiver impossibilitado de auxiliar o filho-de-santo. A reclusão do filho de santo que está sendo borido varia de 03 a 04 dias em média. Durante este período o borido reduz ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do tempo deitado ao chão. Após o batuque e o término do período de reclusão levanta-se a obrigação e monta-se o bori: Faz-se uma cama de algodão dentro da manteigueira e põe-se a moeda ao centro rodeada pelos búzios. Cobre-se com bastante mel. O Bori é considerado a "cérebro" do indivíduo, portanto exige certos cuidados, não deve ser mexido, a quartinha deve estar sempre com água e deve ser reforçado de tempos em tempos com nova obrigação. Nesta obrigação o filho estreita sua relação com o Orixá, sendo para alguns, a principal obrigação do Batuque onde o filho-de-santo estreita sua relação com o Orixá, tornando-se assim um filho da Religião.



Bori de Meio Quatro Pés

É considerado como preparação para o aprontamento, isto é, antecede o Bori de Quatro-pés. Esta obrigação é feita para filhos que já tenham feito bori de aves e também pode ser feito como reforço, para os que já são filhos prontos. É sacrificado um casal de galinhas d'angola se o filho-de-santo pertence a um Orixá de frente, casal de marrecos se o filho-de-santo pertencer á Oxum ou Oxalá ou então, um casal de patos se for filho de Iemanjá. A feitura de um Bori de Meio Quatro-Pés, vai depender da necessidade e/ou da exigência de seu Orixá.



Bori de Quatro Pés

Considerado como apronte de cabeça, principalmente quando junto ao Bori ocorre o assentamento do Orixá de cabeça do filho-de-santo. Ocasião onde se consagra não somente o Bori, mas também os objetos místicos: as ferramentas e o ocutá onde será fixado o Orixá e a guia delegum, guia com vários fios de contas que variam em número e cor de acordo com o axé do Orixá. É sacrificado um animal de quatro patas de acordo com o Orixá do indivíduo. A partir desta obrigação, aumentam as responsabilidades do filho-de-santo. O período de reclusão varia de 06 até 20 dias ou mais. 



Aprontamento 

O aprontamento corresponde ao estabelecimento oficial e definitivo do vínculo entre iniciado e Orixá. Entretanto este vínculo precisa ser renovado de tempos em tempos, pois o ato de colocar axorô na cabeça implica na idéia de alimentar o Orixá e fortalecer o seu filho. O aprontamento sempre ocorre na obrigação que chamamos de matança e o principal passo do aprontamento é o corte dos animais ofertados a cada um dos Orixás a serem assentados em cima da vasilha que contém os objetos a serem consagrados.



Obrigação do Peixe

São sacrificados aos Orixás peixes vivos, pela manhã cedinho, e somente depois que as obrigações de quatro-pés forem levantadas. O peixe varia de acordo com o Orixá a receber a obrigação, e sua quantidade varia de acordo com o axé de número do mesmo. Os Orixás de frente recebem pintado como obrigação e os Orixás de praia recebem jundiá. No Quarto-de-santo são imolados ao menos um peixe para cada Orixá e a ele é destinado: a cabeça, as barbatanas, a cauda e um pouco de axorô (sangue). A carne dos peixes imolados é servida com pirão (ebó) no almoço e deve ser consumida pelos filhos que estão de obrigação e pelos que estão na casa, pois o ebó de peixe simboliza fartura e prosperidade. Uma quantidade maior de peixes é preparada frita para ser servida ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no Toque do Peixe - toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas dos Orixás.


Axés de Obé e Ifá (Facas e Búzios) 

O filho-de-santo é agraciado com os axés de Obé e Ifá, quando o Babalorixá ou Yalorixá perceber o desenvolvimento, o empenho e o merecimento do filho para com suas obrigações e o comprometimento com seus Orixás e com os fundamentos da Religião. Significa que o Babalorixá tem extrema confiança no filho que irá receber os axés, tanto em relação aos seus conhecimentos, quanto ao seu caráter e honestidade, pois é através do Ifá que se auxilia quem precisa de orientação e com a Obé realizamos os cortes para os Orixás. A entrega destes axés ocorre no Batuque de terminação, geralmente no sábado posterior ao Batuque Grande. Quando for entregue os axés, os objetos que compõe o jogo de Ifá e as facas deverão ser colocados em uma bandeja enfeitada com flores e folhas e se fará o ritual de entrega. O padrinho ou madrinha segurará uma vela acesa testemunhando a obrigação. A partir de então o filho-de-santo é considerado pronto, isto é tem sua obrigação completa com o assentamento de todos os Orixás e os axés de obé e ifá. Depende agora de seu desenvolvimento e aptidão e, com o consentimento de seu orixá-de-cabeça e de seu Babalorixá poderá ter seu próprio Ilê.



A Festa do Batuque

Após as obrigações cumpridas e encerrada a levantação, será tocada a festa, o Batuque. O Babalorixá, ajoelhado em frente ao quarto de santo, juntamente com todos seus filhos e demais convidados, toca o adjá, fazendo a chamada de todos os Orixás de Bará a Oxalá com suas saudações específicas, pedindo a cada Orixá as coisas que a eles competem. Terminada a chamada, o Babalorixá autoriza o tamboreiro a começar o toque, que correrá em ordem de Bará a Oxalá. Todos que estão na roda dançam com as características de cada Orixá ao qual está sendo tocada a reza.


Dentro da Festa existem rituais específicos que chamamos de “Axé”:



Axé da Balança ou Roda de Prontos

Se a obrigação que originou a festa teve o corte de quatro-pés, deverá ser realizada dentro das rezas para Xangô, a obrigação da balança ou cassum em homenagem a Xangô e também por conter o axé de todos os Orixás em equilíbrio. Há um intervalo na movimentação da roda e os presentes, inclusive os Orixás afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a roda da balança. Neste ritual participam só os prontos colocados lado a lado, formando uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo do tambor que vai gradualmente aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações ao mesmo tempo. Ao terminar a balança os Orixás cumprem o fundamento: vão ao Quarto-de-santo, depois até a porta da rua para cumprimentar os Orixás da rua e depois dançam ao som do Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, erís destinados unicamente pelos Orixás de frente. Há a crença de que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem permanecer de mãos dadas até que se inicie o alujá, sob pena de morte para algum filho da casa. Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a balança, cabe ao alabê mudar imediatamente o axé indo direto para a execução do Alujá de Xangô. Por causa desta crença, muitas pessoas esquivam-se de participar da balança, porém é uma obrigação muito forte e o axé que emana no salão durante a balança é algo sentido por todos os presentes. 



Alujá de Xangô e Alujá de Iansã 

Logo após a balança, os Orixás que estão no mundo dançam o Alujá do Xangô e de Iansã, respectivamente. São ritmos do tambor, característicos destes Orixás. Durante o alujá é contagiante o axé e a empolgação com que os orixás dançam, proporcionando um momento de rara beleza. 



O Aforiba ou a Dança do Atã 

O aforiba é o momento em que Ogum e Iansã demonstram a passagem em que Iansã embebeda Ogum para fugir com Xangô. O Babalorixá convida um Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba, então ele coloca no centro do salão duas garrafas contendo atã (aforiba) e as armas pertencentes a estes Orixás (espadas). Iansã toma as garrafas e oferece á Ogum que logo se embebeda, mas em seguida Ogum volta a si e vai atrás de Iansã empunhando sua espada. Os dois lutam, mas Iansã consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e voltam a dançar juntos. Tendo um Xangô no mundo poderá vir a fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã acalma os dois Orixás. 



Axé do Ecó

Terminado os Erís de Xapanã é hora da Saída do Ecó, que nada mais é do que o despacho do axé de Bará, e do ecó de Bará Lanã e do Bará Lodê (alguidar com água, farinha de mandioca e gotas de epô) e do ecó de Oxum (Vasilha de vidro com farinha de milho, água, mel e perfume e flores) que servem como imãs de energias negativas. A saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no ambiente e nas pessoas presentes. Prepara o ambiente para os erís dos Orixás mais velhos, que tem um toque mais brando. Enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os erís, só que agora puxam os erís dos Orixás da rua - Bará Lodê, Ogum Avagã e Iansã Timboá - não há movimento da roda e a assistência evita olhar para o que está acontecendo, virando para a parede. Diz a crença que quem olhar a saída do ecó atrai para si a negatividade ali contida.


Roda de Ibeji 

No Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibejis, no JÊe-Ijexá ela acontece durante os erís de Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as mulheres que pretendem a maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos e agradecimentos. Os orixás, principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que estão na roda e na assistência, as frutas e os doces que estão no Quarto-de-santo.


Axé dos Perfumes 

Sendo Oxum a deusa da beleza adora perfumes, espelhos, em seus erís há um momento especial em as Oxuns que estão no mundo recebem vidros de perfumes, leques e espelhos. Dançam felizes, empunhando seus leques e espelhos enquanto outras se banham com perfume e distribuem um axé perfumado as pessoas que estão na roda e na assistência. Este axé faz uma referência sobre a passagem em que Oxum está no rio banhando-se, num ritual de beleza e encantamento.


Axés dos Presentes 

Geralmente acontece quase no final do Batuque, os Orixás que estão aniversariando apresentam seus bolos, enquanto são saudados pelos presentes. Depois os bolos são servidos aos convidados e o excedente é distribuído juntamente com os mercados. São de costume também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são flores, perfumes, doces, utensílios que podem ser usados no dia a dia Ilê...



O Axé do Alá de Oxalá 

Pertence aos erís do Oxalá o axé do Alá. Em determinado momento, os filhos de santo com estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Alá branco. Enquanto a roda e os erís continuam, todos passam por baixo do Alá pedindo ao Orixá do branco a paz e a proteção.


Os Axêres 

Conforme o Batuque vai acontecendo, os Orixás chegam e "sobem", vão embora. Os orixás são despachados, geralmente por filhos de santo mais antigos e experientes do Ilê, porém eles ficam em "axêre" ou "axêro" , estado intermediário entre a ocupação do Orixá e da pessoa propriamente dita. Os axêres agem como crianças, tomam refrigerante e adoram fazer brincadeiras com as pessoas, pois seu linguajar é confuso e eles trocam bastante as expressões. É um momento de descontração, porém deve ser mantido o respeito, pois apesar de fazerem brincadeiras, os axêres ainda conservam a essência do Orixá. 



Mesa de Ibeji 

A obrigação da Mesa de Ibeji é feita no Batuque de Encerramento e nas ocasiões em que o Babalorixá ou Yalorixá acharem necessárias. É realizada no início da noite e antecede o Batuque de Encerramento. Dela participam crianças de zero á doze anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram engravidar. São cantados erís de Bará, de Xangô e Oxum (que representam os Ibeji) e dos Orixás velhos. A Mesa de Ibeji é riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com muito axé e beleza. Significa agradar e reverenciar aos Orixás das crianças que simbolizam pureza, paz e prosperidade. Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se frutas, amalá, flores, uma quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Após terem comido o que foi servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um gole de água. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa por pessoas adultas ou por Orixás que tenham chegado e conduzidos a formarem uma roda ao som de erís de Xangô. Encerrada a Mesa, os Orixás que chegaram recolhem os itens que ainda restam na mesa e levam até o quarto de santo. Os brinquedos são distribuídos entre as crianças que participaram.



Toque de Encerramento 

É o toque que encerra as atividades públicas do batuque grande. Tem uma proporção um pouco menor do que o primeiro toque, pois é antecedido pelo corte do peixe e do corte de confirmação, quando são imoladas somente aves aos Orixás. A cor dos axós é preferencialmente o branco e pode acontecer a Mesa de Ibedji antes do início do toque. É nesta noite que serão dados os axés de Obés e Ifá. Seguido do toque, no dia posterior há a levantação da obrigação do corte de confirmação. 


A Levantação da Obrigação
Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam arriadas, limpa-las e guarda-las nas prateleiras dentro do quarto de santo. Mantendo um costume desde o tempo dos escravos, as obrigações são guardadas e ocultas por cortinas que geralmente tem a sua frente velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados pertencentes aos Orixás.



O Passeio 

O término da obrigação para os filhos de santo que estão em reclusão é o passeio no dia posterior a Levantação. Pela manhã, o Babalorixá ou Yalorixá os leva até a porta da frente do Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás da Rua), liberando-os para saírem fora dos limites do Ilê. Vão até o centro visitar lugares de grande significado: a igreja, o mercado público (onde compram cereais, grãos, e velas ) e o rio Guaíba. Em seguida, vão visitar algum Ilê conhecido onde batem cabeça cumprimentando os Orixás do Ilê e lá depositam parte das compras feitas no mercado. De volta ao Ilê, batem cabeça no quarto de santo e arriam o restante das compras feitas. Cumprimentam o Babalorixá ou Yalorixá na nova condição de filho de santo.



As Quinzenas

As quinzenas são obrigações menores que duram normalmente dois ou três dias onde é feito a matança e o toque. É frequentado por um número não muito grande de pessoas e geralmente estão associadas a alguma data comemorativa ou a obrigação de bori de filhos de santo do Ilê. Há o toque das rezas, as comidas de santo são ofertadas aos Orixás e as tradicionais comidas servidas ao povo: canja, canjica branca e amarela, amalá. Por ser uma obrigação menor, exige um mínimo de aves a serem sacrificadas. A carne das aves é consumida nos intervalos do toque do tambor, servida enfarofada ou na canja, comidas tradicionalmente ofertadas às pessoas que comparecem ao ebó. Há ainda as "quinzenas secas", quando não há sacrifício de animais.


A Umbanda é uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira, que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo e o espiritismo. A palavra umbanda deriva de m'banda, que significa "sacerdote" ou "curandeiro".




Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratique. Porém existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles:
* A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Oxalá, 
* A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes,
* A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns,
* O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas,
* Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro,
* A crença na imortalidade da alma,
* A crença na reencarnação e nas leis cármicas.
A Umbanda é uma junção de elementos indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), catolicismo (santos que foram sincretizados pelos negros africanos),e espiritismo (fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus, respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, a Umbanda compreende a diversidade, e valoriza as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
A Umbanda tem como lugar de culto o templo ou terreiro, que é o local onde são realizados cultos aos Orixás e aos seus guias. O chefe do culto no terreiro é o pai ou mãe de santo. São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, normalmente fundadores do mesmo. As entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser pretos-velhos, caboclos, crianças, ciganos, exus e pombas-giras.
O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta, e essas, são subdivididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar as entidades, as pessoas tomam passe e se consultam a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos, e para resolver problemas espirituais diversos. No passe, a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar. Também a entidade faz com que a energia negativa seja deslocada para o astral. Nos dias de consulta há o atendimento da assistência, e nos dias de desenvolvimento há as giras mediúnicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os mecanismos próprios da mediunidade. A Umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da umbanda, respeitar os guias, ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.
Uma das regras básicas da Umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium, mas sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para fazer a caridade a quem precisa, e para seu próprio crescimento espiritual. Por isso não deve ser encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.


A primeira manifestação de Umbanda é a do Caboclo das Sete Encruzilhadas em seu médium Zélio Fernandino de Moraes em 15 de Novembro de 1908. Assim como a Tenda Nossa Senhora da Piedade, fundada por Zélio é o primeiro templo de Umbanda registrado no Brasil.
Zélio Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de Abril de 1892, no Rio de Janeiro. Filho de Joaquim Fernandino Costa e Leonor de Moraes.
Em 1908, aos 17 anos, Zélio havia concluído o curso propedêutico (ensino médio) e preparava-se para ingressar na escola Naval, a exemplo de seu pai, quando fatos estranhos começaram a acontecer na vida dele. Em alguns momentos Zélio era visto falando manso, com a postura de um velho, com sotaque diferente de sua região, dizendo coisas aparentemente desconexas; em outros momentos parecia um felino lépido e desembaraçado, mostrando conhecer todos os mistérios da natureza. Isso logo chamou a atenção da família, preocupada com a situação mental do menino que se preparava para seguir carreira militar, pois os "ataques" se tornaram cada vez mais freqüentes. Assim, Zélio foi examinado por seu Tio, Dr. Epaminondas de Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após vários dias de observação, não encontrando seus sintomas em nenhuma literatura médica, sugeriu a família que o encaminhasse a um padre, para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estava endemoniado. 
Foi chamado então um outro parente, tio de Zélio, padre católico que realizou o dito exorcismo para livrá-lo da possível presença do demônio e saná-lo dos ataques. No entanto este e outros dois exorcismos, acompanhados de outros sacerdotes católicos, não resolveram a situação e as manifestações prosseguiram. Algum tempo depois, Zélio foi tomado por uma paralisia parcial, a qual os médicos não conseguiam entender. Um belo dia Zélio levanta-se de seu leito e diz que amanhã estaria curado, e no dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Um amigo sugeriu encaminhá-lo a recém fundada Federação Kardecista de Niterói, que era presidida pelo Sr.José de Sousa. Zélio então foi conduzido a esta federação no dia 15 de Novembro de 1908, e na presença do Sr.José de Sousa, ele teve ataques reconhecidos como manifestações mediúnicas. Convidado a sentar-se à mesa, logo em seguida levantou-se, contrariando as normas do culto estabelecido pela instituição, e afirmou que ali faltava uma flor. Foi até o jardim, apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho.
Sr.José de Sousa, que possuía também a clarividência, verificou a presença de um espírito manifestado através de Zélio, e conversou com o mesmo:
Sr.José: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem?
O espírito: Eu? Eu sou apenas um caboclo brasileiro. 
Sr.José: Você se identifica como caboclo, mas vejo em você restos de vestes clericais.
O espírito: O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu nome era Gabriel Malagrida, acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da inquisição por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Mas em minha última existência física Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro.
Sr.José: E qual é seu nome?
O espírito: Se é preciso que eu tenha um nome, digam que eu sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois para mim não existirão caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.
Sr.José pergunta então se já não existem religiões suficientes, fazendo inclusive menção ao espiritismo.


O espírito: Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre poderoso ou humilde, todos tornam-se iguais na morte, mas vocês homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar estas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos visitar estes humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além? Porque o não aos caboclos e pretos-velhos? Acaso não foram eles também filhos do mesmo Deus? Amanhã, na casa onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos, nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas a nenhum diremos não, pois esta é a vontade do Pai. 
  
Sr.José: E que nome darão a esta Igreja?
O espírito: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria ampara nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da Umbanda.
No dia seguinte, na rua Floriano Peixoto, 30, Neves - São Gonçalo/ RJ, próximo das 20:00 horas, estavam presentes membros da federação espírita, parentes, amigos, vizinhos e uma multidão de desconhecidos e curiosos. Pontualmente as 20:00 horas, o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e com as palavras abaixo iniciou seu culto:
“Vim para fundar a Umbanda no Brasil. Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor , raça, credo ou posição social. A pratica da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto”
Após trabalhar fazendo previsões, passe e doutrina informou que devia se retirar, pois outra entidade precisava se manifestar. Após a subida do caboclo, incorporou uma entidade reconhecida como preto-velho, saindo da mesa e se dirigindo a um canto da sala onde permaneceu agachado. Sendo questionado o porquê de não ficar na mesa respondeu: “Nego num senta não, meu sinhô, nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco, e nego deve arespeitá”. Após insistência ainda completou “Num carece preocupa não. Nego fica no toco, que é lugar de nego”. E assim continuou dizendo outras coisas mostrando a simplicidade, humildade e mansidão daquele que trazendo o estereótipo do preto-velho se fez identificar como Pai Antônio. Logo cativou a todos com seu jeito, ainda lhe perguntaram se ele não aceitava nenhum agrado, ao que respondeu: “Minha cachimba, nego qué o pito que deixou no toco. Manda moleque busca”. Todos ficaram perplexos, estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento material de trabalho dentro da Umbanda. Na semana seguinte todos trouxeram cachimbos que sobraram diante da necessidade de apenas um para Pai Antônio. Assim o cachimbo foi instituído na linha de pretos-velhos, sendo também ele a primeira entidade a pedir uma guia (colar) de trabalho.


O pai de Zélio freqüentemente era abordado por pessoas que queriam saber como ele aceitava tudo isso que vinha acontecendo em sua residência, e sua resposta era sempre a mesma; em tom de brincadeira respondia que preferia um filho médium ao lugar de um filho louco. Foi um trabalho árduo e incessante para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Enquanto Zélio esteve encarnado foram fundadas mais de 10.000 tendas. Após 55 anos de atividade entregou, a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia. Mais tarde junto com sua esposa Maria Izabel de Moraes, médium ativa da tenda e aparelho do Caboclo Roxo fundou a cabana de Pai Antônio.
Zélio Fernandino de Moraes desencarnou no dia 03 de Outubro de 1975, aos 83 anos. Suas filhas deram continuidade ao trabalho, e a Tenda Nossa Senhora da Piedade existe até hoje sob a direção de Zilméia de Moraes, sua filha que aos 88 anos de idade se mostra ainda muito lúcida e ativa na frente dos trabalhos.



Palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade e honestidade, e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – esta é a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxósse, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxósse, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. As maiores partes dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que nasceram desta Casa.


Tenho uma coisa a vos pedir: Se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade. Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou a Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar.
Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou a Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.
Com um voto de paz, saúde e felicidade; com humildade, amor e caridade, eu sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas.

MATERIAL NECESSÁRIO
* Um alguidar
* Uma cachaça
* 1 kg de farinha de milho média (fubá)
* Uma garrafa de azeite de dendê
* Um metro de pano branco (morim)
* 7 cravos vermelhos
* 7 velas brancas
* 1 charuto
* Mel de abelha
MANEIRA DE PREPARAR
Forrar o local com o pano branco, passar a cachaça no alguidar, fazer a farofa (padê) de farinha com azeite de dendê, botar dentro do alguidar. Botar o nome da pessoa e o pedido por cima, enfeitar com os cravos vermelhos, regar com mel de abelha, acender as velas e o charuto e fazer os pedidos a TRANCA RUAS.
Local: Encruzilhada ou cruzeiro de mata
Dia da semana: Segunda-Feira



Segurar o marido ou esposa em casa


Um abafador, mel, algodão, milho torrado, fita crepe ou tape e o nome da pessoa.


Coloca-se o milho torrado bem quente no fundo do pote, coloca o nome da pessoa que se quer prender em casa e cobre-se com mel, como algodão preenche-se o abafador, tampar e lacrar com a fita tape ou fita crepe.

Enterra em algum lugar no pátio ou dentro de um vaso se for apartamento.

Dia da semana - Sexta-feira


Bará Agelú Tolabí